Tropeço nos cantos da rua de
pedra, e ela parece voar nas sapatilhas, esbarrando de leve os dedos contra os
meus. Seus sorrisos vêm em cachos de artistas, soando música para meus ouvidos.
Mexe os lábios freneticamente, e mal percebe que já me esqueci de manter a
atenção, imaginando nós dois, ou apenas o “ois”.
Difícil seria prendê-la em uma de
suas pinturas genuínas. Falta brilho e falta calmaria nos seus enormes olhos de
castanha. E esse excesso de carinho me
mima, me apaixona. Nossa novela é única
no vai e vem dos passos desequilibrados na rua de pedra, no sabor de nossas
histórias mal resolvidas. Na realidade de nossas músicas.
E nós acabamos no maracujá. No
laranja cinzento de nossas misturas, no roçar das cordas de um violão. Ao fundo
posso namorar um piano, admirar os lábios que ainda se movem rápido demais. Ela se esquece do “ela” e só pensa no “eles”. Difícil
não levar um susto quando ela para, recupera o fôlego e alarga o sorriso. Tem
muita diferença nessa pequena.
Novela de artista nunca é
monótona, e o cabelo dela é cor de abóbora. Isso tá mais pra sonho, amigo. Só gostaria de saber em que Mundo eu vivo.