setembro 28, 2012

Homem Transcendente


Mantenha a curta distância entre nossos corpos. Seja sagaz e possua o que te pertence. Tome para si o mar de meus olhos e construa sobre nós a semelhança do carinho. Supere as minhas expectativas; detone com minhas dúvidas e implante sua fortaleza em mim.
                Beije-me de forma sobrenatural. Resolva os problemas; acarrete todas as consequências e jogue-as para os próximos. Não preciso de perfeição, não preciso riqueza. Dê-me lealdade, e não amor. Dê-me companheirismo, e não pudor.  Salve, salve a indiferença! Deixe-me louca, deixe-me perdida.
                Jogue seus cabelos para trás, e foque seu céu sobre mim. Não deixe de saciar-se. Sugue todas as forças que posso ter. Deixe-me fraca, ao deleite, e depois me renove. Faça do nosso sentimento seu brinquedo. Encha-se de loucura e de torpor. Vá embora, mas volte o mais rápido que puder. Ou leve-me com você para outra dimensão.
                Beije-me, homem de mármore, e devore todas as minhas expectativas e sacie todos os meus desejos. Diga-me se você é um anjo ou um demônio antes de raptar minha sanidade... Conte-me o porquê de um olhar tão opaco, e, depois me presenteie com seu toque eletrizante. Dê-me um beijo hipnotizante mais uma vez, e magnetize nossos corpos.

setembro 11, 2012

"Hana"


Flores podem ser comparadas a almas.
Cada qual exala seu perfume, sua essência única, e, de certo modo, predadora. Suas divergências entre as cores causam uma atração fatal. Um desejo de preservar sua beleza invade nossos mais profundos sonhos, mergulhando serenamente em sua intensa vaidade.
A partir deste ponto, apaixonamo-nos.
E quando um coração sela a promessa de entregar sua vida a esse amor, há como fugir? É desgastante dizer que sim, pois nunca realmente aceitamos nosso destino perverso.
Amar, amar. O problema é sempre o amor. Flores são como almas. Envolventes e diferentes a cada tolo que as escolhe. Não importa a dificuldade de protegê-la. Não importa quanto tempo leve até que ela aceite suas condições atuais e cresça, sempre esperamos por elas. Sempre nos submetemos a elas.
Afinal, todos os esforços são recompensados quando elas florescem. Nascem do mínimo, e alcançam o máximo. Flores são como almas. Indulgentes, fortes e sempre subestimadas por outrem. Nunca realmente levadas a sério, nunca realmente sozinhas. Elas prevalecem em seus campos cheios de irmãs perdidas. Todas parecidas, nunca iguais.
O sol que mareja nossos olhos é a fonte de sobrevivência de todas elas. É a liberdade, a salvação. Porém, em exageros, resseca. Resseca suas pétalas tão bem trabalhadas em cores e formatos. Suas folhas amarelam e ela perde a vida, os sonhos e as conquistas.

Flores são como almas. Únicas e diferentes, e nunca realmente solitárias. 

setembro 01, 2012

Os pêsames de um prisioneiro


A vida faz de mim um morto. Como, bebo, durmo. Como todos os outros seres normais. Porém, a comida já não me apetece. A bebida não me satisfaz, e, eu já não sinto mais o sono pesar nas pálpebras.
Sou morto. Prisioneiro da própria demência. Vago por labirintos de pensamentos impuros de jovens donzelas desnudas das quais jamais vi ou compreendi o porque de balançarem o corpo freneticamente, numa dança descompassada de prazer doentio.
Estou morto. Prisioneiro do sentimentalismo oculto. Arrastado pelos cantos, murmurando o nome daquele que não recordo a face. Face... Murmuro vinganças sanguinárias. Planejo torturas enegrecidas pelo gozo das imagens que projetam em minha mente. Subestimo a minha covardia.
Desejo a morte. Prisioneiro dos dias que não passam. Da loucura que abate um velho desmazelado, que gira em torno de si próprio. Estou brincando de rodar... Até cair.