O
tempo nos passa rápido demais. Não porque o tempo em si esta com pressa, mas
porque nós cogitamos uma ansiedade sob qualquer circunstância de paz de que o
tempo que Deus nos deu para nossos dias é excepcionalmente curto.
Esta
manhã levei meus filhos ao zoológico da cidade. Um local agradável para ensinar
as crianças que o convívio com os animais é de extrema importância social. Tudo
ocorria muito bem, porém, por mais que eu tentasse evitar acreditar, notei a
impaciência de meus filhos. De inicio acreditei que fosse a ansiedade em
percorrer todo o parque e ver todos os animais possíveis, mas percebi que
estava enganado.
As
crianças tinham pressa, porque estão acostumadas com a rotina descompassada dos
pais. Inutilmente me ocorreu que a culpa de meus filhos serem impacientes para
com o tempo era minha. Em muitos momentos de nossas vidas deixamos de nos
preocupar com o pormenor, e nos propiciamos a ser práticos e improdutivos. Não
apreciamos ou se quer aproveitamos nosso tempo de maneira aceitável.
Foi
no meio desse turbilhão de choques emocionais que fiz uma analogia de minha
vida com a de uma tartaruga. Estabeleci em minhas ideias que vivemos em uma
correria desgovernada que nunca nos trazem boas e sólidas concretizações.
Obviamente muitos acreditam que no "não se sabe o dia de amanhã",
porém isto é um paradoxo que não tenho tempo para analisar, pois não vivo na
desenfreada de aproveitar os momentos. Apenas vivo.
As tartarugas tem uma
paciência nata. Elas não correm, e não sofrem a pressão do trabalho árduo.
Intuitivamente e sabiamente elas se locomovem no romantismo da lentidão,
analisando (ou não) cada gotícula de água ao seu redor.
Minha
afinidade com as tartarugas é devido a sua peculiar longa vida. Existem
espécimes que podem viver por mais de 100 anos. E basta olhar para uma que um
sentimento de serenidade, paz, ou até mesmo nostalgia nos invade e corrompe
qualquer pensamento sobre algo que nos esquecemos de fazer ou comprar. Levar em
consideração que tais bichinhos duram tanto tempo, vagueando por oceanos sem
nunca se apressar, é ainda mais cruel para os deficientes de tal privilégio
divino. O que nunca percebemos é que o stress de nossa correria tem se tornado
uma rotina, e classificado "normal".
As
tartarugas nunca foram vistas correndo, literalmente, e sua longevidade é mais
um motivo de comparação teórica. Eu acredito que estamos absurdamente enganados
e que deveríamos filtrar da genialidade de nossas crianças a grosseira ideia de
que o tempo é curto. Quem sabe desta forma não apreciaríamos uma vida de quase
200 anos de experiência? Poderíamos simplesmente aproveitar o ritmo desses
animais tão exóticos.
Então,
ainda esta com pressa?
(Crônica escrita para aulas de Redação).