fevereiro 13, 2013

Mergulho


Lembro-me que foi um salto muito alto e sonoro. Senti o vento arrebentar meu rosto assustado, e cegar-me temporariamente para o que não estava de baixo dos meus pés. Meus lábios ficaram secos, meus olhos semicerrados e uma sensação de asco me subiu pela garganta.
O Sol brilhava zombeteiro enquanto eu caía para o nada, e, no meio de todo daquele calor, eu senti frio. Senti vontade de enrolar-me no mais quente de meus cobertores, e jamais abandonar a aconchegante segurança que aquilo me proporcionaria.
Depois tudo ficou azul. Num baque surdo eu mergulhei para as profundezas do infinito. Lembro-me de mais detalhes do que posso descrever, porém, é fácil recordar o arrepio que a água congelante causou em meu corpo. Uma frieza que ferveu meus temores, e os reduziu à liberdade. E jamais esquecerei do grito que explodiu em minha garganta quando inspirei o ar acima da superfície.
Eu era o único.
Eu fui o infinito.