agosto 21, 2012
Sobre Sensualismo II
"Sol" foi a primeira nota da nossa música.
Uma colcheia que transbordava a emoção de seus sentimentos, de minha ilusão. Eu deitava na beirada de seu futon, e você ria de mim. Puxava-me para perto, e eu me emaranhava nos seus cabelos castanhos, enquanto você se embriagava no meu perfume, que dizia que te lembrava pasta de dente.
Eramos dois. Ois. Sempre gostei da nossa prununcia. Estavamos colados um ao outro, uma dependência indepente, um amor tão incoerente que resplandecia em nosso peito e fazia nossos olhos brilharem, como o Sol. Sol.
Eu sempre sorri com os olhos, e você sempre todo sério, nunca partiu meu coração. Nunca quebrou minha confiança, nunca deixou de lado minha existência. Juntos nós eramos o Sol um do outro. A nota que transbordava a emoção. E o melhor em nós era o desapego, a falta de medo, a relutância ao sofrimento. Nós "ois" eramos felizes e não desperdiçavamos a coragem infantil da nossa simples sensualidade. A inocência de nossos passos no gramado esmeralda. A todo instante você me protegia dos olhares fugazes sobre nós, e no momento que cedia ao cansaço e fechava os olhos, eu podia contornar seus traços de mármore com minhas mãos, e ter certeza de que você não era parte de uma insanidade minha. Eu podia confirmar que você era um sonho meu, mas tão real quanto os dias chuvosos que se estendem pelo verão perigoso de Janeiro.
Minhas mãos contornavam suas finas sobrancelhas arquedas, seus olhos enrrugados ao simples toque. Seu nariz pontiagudo, pintado de pequenas sardas achocolatadas, que me lembravam pontos perdidos no céu azul. E por fim eu brincava com sua boca, de lábios finos e gentilmente rosados. Eu lhe roubava um beijo. Um choque de proximidade repentina de corpos. Uma eletricidade que fervilhava pelo meu corpo, e paralisava o seu. Os âmbares saiam da toca e você me presenteava com seu olhar mais gélido e acolhedor. Sempre tão sério, sempre tão sensual.
Estavamos perdidos novamente, mergulhando no mais profundo dos sonhos.
E sobre o nosso sensualismo de passos verdejantes, eu conclui que fiquei louca.
agosto 12, 2012
Sobre Sensualismo
Eu gosto de observar
suas costas. Nada de inconveniente para você, já que nem ao menos
imagina minha existência. Vejo você prender seus cabelos castanhos
num rabo-de-cavalo desajeitado mas simétrico. Diferente dos outros,
você matem as madeixas compridas, elevando ainda mais a sua beleza.
Eu te apelidei de “cara” e você nem sabe da minha existência.
Um dia eu troquei
olhares com você na rua. Um beco bem iluminado pelo Sol do meio-dia.
Seus olhos melodiosos me atingiram como o flash de uma câmera.
Foi um encontro lento, uma confissão de soberania. Eu abaixei os
olhos, envergonhada por ter sido pega no flagra, tentando roubar um
pouco de você pra mim. E agora você sabe da minha existência.
Um dia depois, nos
vimos de novo. Eu com amigos e você solitário, com as mãos nos
bolsos do jeans, a mochila pesada nas costas. Estava dando
passos largos em direção oposta a minha, porém, mais que do nada,
você me fitou. Os castanhos sucumbiram o mel, e foi preciso coragem
para não me desviar de seu olhar severo. Poucos segundos passaram
até você me presentear com um pequeno sorriso branco. De canto.
Sedutor. Sensual. Você tem interesse pela minha existência. Mais
que depressa eu te devolvi meu melhor sorriso meigo. E assim nós
ficamos, como bobos, sustentando uma relação de olhares e sorrisos
que nada podiam significar, porque nem nos conhecíamos! E foi ai que
acabei com o nosso “curto” relacionamento, desviando de seu rosto
e pondo um ponto final nesta fantasia infantil.
Até o dia que você
me deu outro sorriso sensual, e perguntou meu nome.
agosto 08, 2012
Anulado
Quando
o Inverno chega minha alma esfria. Meus lábios secam e o céu não parece ser tão
azul. O mar congela e os sentimentos mais profundos me aquecem, feito fogo. Como
pode haver tanta intensidade em dias tão sombrios? Talvez a estaticidade de
nossos corpos seja motivo para que o amor se manifeste.
Há
perfume de lavanda impregnado em sua camisa xadrez colorida. E seu sorriso faz
meu coração palpitar freneticamente. Deixa o Sol tocar seu rosto, menino bobo.
Não leve em conta a cor de meus olhos, porque ela muda diariamente, no
constante do infinito. Não acorde agora, e me deixe beijar seus lábios secos em
seus sonhos.
No
Verão eu vou te tocar. Vou bagunçar seu cabelo loiro e beijar sua bochecha
rosada. Do dourado da sua pele farei meu lençol fresco, e apagarei todas as
promessas e mentiras com o castanho de seus olhos. Eu quero te levar para o mar
frio e afogar nossos receios e medos. Eu quero te beijar, menino bobo, e dizer
que você me faz suspirar.
Descongele
a minha alma e ferva meu coração. Sorria para mim novamente e concerte meus
sonhos quebrados pela ilusão. Diga que tudo é verdade e que nossos olhares
continuaram a se encontrar.
agosto 07, 2012
Monarquia
O rei sugou seus sonhos enquanto ela gritava. O tremor de suas mãos, as gotas frias que escorriam pelas maçãs; os olhos esbugalhados e o temor em saber algo havia algo para temer contrastavam com a plenitude e ignorância de Vossa Alteza.
Ele bebeu suas magoas, mastigou suas lembranças e desperdiçou sua devoção. Ele mentiu, enganou e usurpou sua inocência e sabedoria. E o culpado ainda goza de sua malícia.
Ele bebeu suas magoas, mastigou suas lembranças e desperdiçou sua devoção. Ele mentiu, enganou e usurpou sua inocência e sabedoria. E o culpado ainda goza de sua malícia.
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