Eu gosto de observar
suas costas. Nada de inconveniente para você, já que nem ao menos
imagina minha existência. Vejo você prender seus cabelos castanhos
num rabo-de-cavalo desajeitado mas simétrico. Diferente dos outros,
você matem as madeixas compridas, elevando ainda mais a sua beleza.
Eu te apelidei de “cara” e você nem sabe da minha existência.
Um dia eu troquei
olhares com você na rua. Um beco bem iluminado pelo Sol do meio-dia.
Seus olhos melodiosos me atingiram como o flash de uma câmera.
Foi um encontro lento, uma confissão de soberania. Eu abaixei os
olhos, envergonhada por ter sido pega no flagra, tentando roubar um
pouco de você pra mim. E agora você sabe da minha existência.
Um dia depois, nos
vimos de novo. Eu com amigos e você solitário, com as mãos nos
bolsos do jeans, a mochila pesada nas costas. Estava dando
passos largos em direção oposta a minha, porém, mais que do nada,
você me fitou. Os castanhos sucumbiram o mel, e foi preciso coragem
para não me desviar de seu olhar severo. Poucos segundos passaram
até você me presentear com um pequeno sorriso branco. De canto.
Sedutor. Sensual. Você tem interesse pela minha existência. Mais
que depressa eu te devolvi meu melhor sorriso meigo. E assim nós
ficamos, como bobos, sustentando uma relação de olhares e sorrisos
que nada podiam significar, porque nem nos conhecíamos! E foi ai que
acabei com o nosso “curto” relacionamento, desviando de seu rosto
e pondo um ponto final nesta fantasia infantil.
Até o dia que você
me deu outro sorriso sensual, e perguntou meu nome.
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