agosto 12, 2012

Sobre Sensualismo


Eu gosto de observar suas costas. Nada de inconveniente para você, já que nem ao menos imagina minha existência. Vejo você prender seus cabelos castanhos num rabo-de-cavalo desajeitado mas simétrico. Diferente dos outros, você matem as madeixas compridas, elevando ainda mais a sua beleza. Eu te apelidei de “cara” e você nem sabe da minha existência.
Um dia eu troquei olhares com você na rua. Um beco bem iluminado pelo Sol do meio-dia. Seus olhos melodiosos me atingiram como o flash de uma câmera. Foi um encontro lento, uma confissão de soberania. Eu abaixei os olhos, envergonhada por ter sido pega no flagra, tentando roubar um pouco de você pra mim. E agora você sabe da minha existência.
Um dia depois, nos vimos de novo. Eu com amigos e você solitário, com as mãos nos bolsos do jeans, a mochila pesada nas costas. Estava dando passos largos em direção oposta a minha, porém, mais que do nada, você me fitou. Os castanhos sucumbiram o mel, e foi preciso coragem para não me desviar de seu olhar severo. Poucos segundos passaram até você me presentear com um pequeno sorriso branco. De canto. Sedutor. Sensual. Você tem interesse pela minha existência. Mais que depressa eu te devolvi meu melhor sorriso meigo. E assim nós ficamos, como bobos, sustentando uma relação de olhares e sorrisos que nada podiam significar, porque nem nos conhecíamos! E foi ai que acabei com o nosso “curto” relacionamento, desviando de seu rosto e pondo um ponto final nesta fantasia infantil.
Até o dia que você me deu outro sorriso sensual, e perguntou meu nome.  

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