maio 12, 2014

Os pêsames de um marciano

Nasci de uma fagulha de prazer cristão
Numa pátria esquecida no seio do Tártaro
Com o caminho traçado no desapego da opinião

Um suicida sem causa, rebelde por adolescência
Marcado pelo riso e pela descrença
Impróprio de julgamentos, feito de inocência

Uma vez um sabe nada de sotaque interiorano
Me disse que não se deve pedir arrego da vida
E que se Deus atendesse minhas preces
É porque nem existir ele existia

Nenhum absinto satisfaz um pernilongo madrugado
Nenhum doce apetece uma criança salgada
Virei prisioneiro de minha mortalidade
Fingindo amavelmente uma vivacidade calorosa

E a fagulha se desfaz num sopro
Fluindo na perdição do vento
Sem deixar saudade, sem deixar herdeiros
Finalmente suprindo sua necessidade