novembro 20, 2012

Devagarzinho se vai longe

O tempo nos passa rápido demais. Não porque o tempo em si esta com pressa, mas porque nós cogitamos uma ansiedade sob qualquer circunstância de paz de que o tempo que Deus nos deu para nossos dias é excepcionalmente curto.

Esta manhã levei meus filhos ao zoológico da cidade. Um local agradável para ensinar as crianças que o convívio com os animais é de extrema importância social. Tudo ocorria muito bem, porém, por mais que eu tentasse evitar acreditar, notei a impaciência de meus filhos. De inicio acreditei que fosse a ansiedade em percorrer todo o parque e ver todos os animais possíveis, mas percebi que estava enganado.

As crianças tinham pressa, porque estão acostumadas com a rotina descompassada dos pais. Inutilmente me ocorreu que a culpa de meus filhos serem impacientes para com o tempo era minha. Em muitos momentos de nossas vidas deixamos de nos preocupar com o pormenor, e nos propiciamos a ser práticos e improdutivos. Não apreciamos ou se quer aproveitamos nosso tempo de maneira aceitável.

Foi no meio desse turbilhão de choques emocionais que fiz uma analogia de minha vida com a de uma tartaruga. Estabeleci em minhas ideias que vivemos em uma correria desgovernada que nunca nos trazem boas e sólidas concretizações. Obviamente muitos acreditam que no "não se sabe o dia de amanhã", porém isto é um paradoxo que não tenho tempo para analisar, pois não vivo na desenfreada de aproveitar os momentos. Apenas vivo.
As tartarugas tem uma paciência nata. Elas não correm, e não sofrem a pressão do trabalho árduo. Intuitivamente e sabiamente elas se locomovem no romantismo da lentidão, analisando (ou não) cada gotícula de água ao seu redor.
           
Minha afinidade com as tartarugas é devido a sua peculiar longa vida. Existem espécimes que podem viver por mais de 100 anos. E basta olhar para uma que um sentimento de serenidade, paz, ou até mesmo nostalgia nos invade e corrompe qualquer pensamento sobre algo que nos esquecemos de fazer ou comprar. Levar em consideração que tais bichinhos duram tanto tempo, vagueando por oceanos sem nunca se apressar, é ainda mais cruel para os deficientes de tal privilégio divino. O que nunca percebemos é que o stress de nossa correria tem se tornado uma rotina, e classificado "normal".

As tartarugas nunca foram vistas correndo, literalmente, e sua longevidade é mais um motivo de comparação teórica. Eu acredito que estamos absurdamente enganados e que deveríamos filtrar da genialidade de nossas crianças a grosseira ideia de que o tempo é curto. Quem sabe desta forma não apreciaríamos uma vida de quase 200 anos de experiência? Poderíamos simplesmente aproveitar o ritmo desses animais tão exóticos.

Então, ainda esta com pressa?



(Crônica escrita para aulas de Redação).

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