junho 01, 2013

Como um pássaro na gaiola

Depois de muito remoer minhas mágoas, decidi que é chegado o momento de implorar pela morte. Estou farto de sentir tanta dor, e de não poder ser aquele que fui. Ser aquele que tanto amei ser; um alguém inconfundível em meio a esta multidão tão escassa de bons sentimentos.  Meu olhar pode ser encontrado no além de um horizonte qualquer, algum lugar onde haja a liberdade divina.
Hoje o meu maior desejo é a vingança. É destruir meus monstros. É condenar aqueles que me encarceraram nesta prisão sem chave e sem luz, à tortura eterna. Tortura que vivo dentro deste caixote de lembranças. Estraçalhar o pescoço daqueles que cortaram minhas asas, e por fim sentir o perfume da vitória. Então espero, sinceramente, sentir uma alegria infinita ao sair deste calabouço de pedra, e dentro de minhas condições imutáveis, reviver.
Somente desta forma, e tão somente só, minha consciência estaria dividida entre meus pecados e glórias, dando uma continuidade infinita para meu tormento. E para que se possa compreender melhor minha dor, quero que eles saibam a verdade. Quero que saibam que quando eu finalmente estiver em paz, ainda não poderei voar. Minhas asas foram cortadas em partes, para que no fim eu mesmo concluísse uma autocondenação a solidão  Para que no fim eu sentisse o arrependimento, e o sofrimento do pesar de uma consciência inabalável tornar-se frágil e facilmente atingível.
Eles me queriam atormentado, não morto.
Queriam-me engaiolado.  

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